Entenda por que este prédio japonês encolheu dois andares em dez dias
No distrito de Akasaka, em Tóquio, um edifício em particular chamou a atenção dos transeuntes. Isso porque a torre de cento e trinta e nove metros de altura, ou quarenta andares, passou a “encolher” com o passar do tempo. Isso mesmo, “encolher”. O Grand Price Hotel, construído na década de 1980, é o edifício mais alto já derrubado, até agora, no Japão. Ele perdeu dois andares a cada dez dias.
O processo apelidado de ‘Demolição Invisível’, Taisei Ecological Reproduction System ou Tecorep, foi desenvolvido pela Taisei Corp. Trata-se de um método estratégico, feito andar por andar. Ele é mais sustentável e agride bem menos o meio ambiente. Semelhante a esse, a Kajima Corp. desenvolveu o processo ‘Kajima Cut and Take Down’ e a Takenaka Corp. o ‘Takenaka Hat Down’.
Como é realizada a ‘Demolição Invisível’
A técnica não utiliza explosivos ou bolas de demolição. Praticamente todo o trabalho é feito dentro do edifício. Na verdade, ela instala uma espécie de chapéu no todo do prédio a ser desmontado. Colunas removíveis são acopladas temporariamente à estrutura original da construção e somente a laje superior é mantida, enquanto máquinas escavadoras quebram tudo o mais que é possível nos interiores.
Escombros, como revestimentos e esquadrias, são retirados com ajuda de um sistema central. Peças maiores, em concreto ou aço, são levadas para o solo através de guindastes. Além disso, boa parte de todo esse material é separado de forma mais eficiente e encaminhado para reciclagem.
A segunda etapa é baixar as colunas hidráulicas e a laje superior remanescente. Assim, aos poucos, o prédio vai diminuindo de tamanho, “encolhendo” de cima para baixo. O próprio movimento de descida dos macacos gera energia elétrica, que alimenta outros equipamentos usados no processo. Percebe-se que tudo foi projetado para gerar o mínimo possível de risco de acidentes na obra e impactos nos arredores, como poluição sonora, dispersão de sujeira e partículas – a Tecorep reduz a emissão de carbono em 85%, os níveis de poeira em 90%, e o ruído em 17-23 decibéis, ou seja, é um método mais “amigo” do homem e da natureza.
Tiago Rafael